A greve é um período tenso,
desgastante, onde cada um dos lados envolvido tenta demonstrar que tem mais
força na intenção de atingir seus objetivos. Não é algo desejado, mas é um recurso
muitas vezes necessário para os que lutam por direitos não reconhecidos. Quanto
aos opressores sabemos que podemos esperar todo tipo de atitude com a
finalidade de nos manter na opressão aceitando o que eles impõem, sejam eles os
patrões que querem elevar seus lucros ou os administradores públicos que
desejam manter seus privilégios e de seus apoiadores. O que eu não entendo é
quando os próprios oprimidos se colocam contra seus iguais tomando atitudes que
enfraquecem a luta. Nestes momentos acontecem coisas que surpreendem, parece
que as pessoas perdem a noção do razoável e passam a agir sem
refletirem sobre seus atos. Estes fatos acontecem dos dois lados. No caso da
greve dos Municipários de Pelotas, interrompida na tarde de hoje, como sempre
acontece, a Secretaria de Educação pede aos diretores que envie listas dos
professores e funcionários em greve, provavelmente como forma de pressão para que
os grevistas retornem ao trabalho, ou apenas para avaliar a adesão ao movimento. Como sempre, na
Escola João da Silva Silveira temos por posição não enviar listas e assim tem sido
já em gestão anteriores e a atual direção da escola respeita e mantém a decisão
da escola. Surpreendentemente recebi hoje telefonema da SMED, não para pedir
lista, mas para me informar que havia sido entregue naquela secretaria a
relação do livro ponto (cópia) dos não grevistas e como sabiam da minha posição
de não entregar lista perguntaram se eu havia autorizado alguém a fazê-lo, pois
nos tais documentos não constava a assinatura da direção da escola. Resolvi
então ir até a SMED saber o que realmente estava acontecendo, na conversa com a
pessoa responsável ficou claro que documentos da escola só saem com a
autorização da direção e se eu não havia autorizado o encaminhamento dos tais
documentos, estes se tornavam sem valor. O que me motivou a escrever este
texto, não é denunciar que alguém, indevidamente tomou a iniciativa de realizar
um ato que só poderia ser feito pelo diretor ou pessoa por ele autorizada. O
que quero é louvar a atitude das representantes da SMED que, sabendo da posição
da escola, respeitaram e valorizaram quem está a frente da direção,
não aceitando os documentos citados e ainda se mostrando muito preocupados com o
fato de documentos restritos à escola terem sido enviados por pessoas que não
estavam autorizadas, deixando a cargo da direção decidir que atitude tomar em
relação ao fato. Parabéns à SMED pela posição, sabemos que esta é a coisa certa
a fazer, mas muitas vezes não é o que acontece, então só temos a agradecer.
Ricardo Moreira
Diretor
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