terça-feira, 1 de maio de 2012

Dia do Trabalho



A Pastora - tela de Jean-François Millet  (pintor do século XIX conhecido por retratar trabalhadores rurais)
Em uma conceituação sociológica, cultura é tudo aquilo que o homem cria e coloca à sua disposição. É algo inerente ao ser humano não existindo fora dele, vez que o homem não consegue viver no mundo natural tal como lhe foi apresentado. Ao contrário, através de sua criação, ele o modifica e transforma.
Nos primórdios, sendo o homem ainda uno com o meio natural, e dependendo apenas das forças do seu corpo para defender a si, a prole e a tribo, vê que precisa de mais. Vê-se, enfim, há milhares de anos, diferenciado dos animais. Como em 2001, uma Odisseia no espaço, na famosa cena do arremesso do osso, o homem, enfim animal pensante, percebe que pode ser mais do que o seu corpo é. Percebe que os objetos podem ser o prolongamento do seu corpo, de seus membros.
Assim, provedor de si próprio, da prole e da tribo, esse homem terá de usar sua inteligência e sua força para enfrentar os desafios que o seu corpo só não consegue.
Na evolução dos séculos, ele prolonga sua mão, criando o machado e as ferramentas que lhe garantem o sustento. Cria o ferro da lança que lhe garante a defesa. Depois a roda, que como prolongamento de seus pés e pernas, o leva a confins e distâncias a que jamais pensou chegar  ou que sequer ousou pensar. Cria a máquina fotográfica e a filmadora para que retenham do mundo a beleza perene que seus olhos não conseguem segurar. E, como seus sonhos, de tão grandes, já não lhe cabem mais na cabeça, ele cria o cérebro eletrônico dos computadores, que passam a ser, eles também, criadores de um inimaginável universo virtual.
Esse homem, que transformou em cultura o que era só natureza e que, fazendo isso, transformou-se para sempre, criou o mundo do trabalho e dele quis a perfeição e desejou a dignidade. 
E é esse homem que, em nossos dias, muda o mundo através da força do seu trabalho. Um trabalho que, para ser digno, deve realizar-se em condições de legitimidade e de direito. É imperativo que se entenda que, esse mundo da cultura, para valer a pena, deve basear-se no sumo bem que é a felicidade.
Assim, cria-se e trabalha-se para o bem. O retorno disso deve ser que quem realiza esse trabalho deve ser respeitado e valorizado. De tal sorte que um trabalhador, um transformador do mundo, deve ter a garantia de seus direitos. As leis, que também são criação do homem, também são frutos da cultura e, por também visarem o sumo bem da felicidade, devem ser cumpridas. Para os trabalhadores, transformadores do mundo, só se quer uma coisa: Justiça!

Por Maribel Felippe

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