A
SMED- Secretaria Municipal de Educação e Desporto - marcou um ponto importante junto aos
professores de língua portuguesa e literatura. Diferentemente de encontros anteriores, onde eram proporcionadas palestras estilo autoajuda, hoje, em seu auditório, através
de um convênio com a UFPel, a SMED ofereceu, dentro de um curso de formação
continuada, uma palestra com o professor João Luis Pereira Ourique, doutor em
Letras pela Universidade Federal de Santa Maria, com pós-doutorado na UFRGS.
Dono de um discurso calmo, mas extremamente motivador por traduzir-se em
uma fala pródiga em conceitos e exemplos tão caros ao professorado presente,
Ourique explanou sobre literatura infanto-juvenil. Os contos de fadas, nos
moldes de Grimm e Perrault, foram o carro-chefe do encontro vez que o professor
salientou de sua importância no ensino de literatura, desde que levada em conta
a forma de se trabalhar com eles, a qual deve ir muito além da exploração de
seu cunho moralizante. Ourique entende que não se formam leitores qualificados
só a partir de contos de fadas. Estes, por serem muito mais complexos do que
parecem e por não trazerem, quando de sua criação, a ideia de infância, exigem
do professor que possa ser capaz de esclarecer, relacionar e contextualizar as ideias
apresentadas em seus textos. Além disso, o palestrante reforçou, muito
acertadamente, a ideia de que vocação não é tudo. Que é até bom que os docentes
sejam vocacionados, mas que, muito mais importante do que isso, é que sejam responsáveis
por sua formação, que estejam sempre interessados em aprender, afinal quem não
lê não consegue ensinar nem língua, nem literatura. No entender do palestrante,
a literatura não tem de produzir consenso, mas sim estranhamento e reflexão. O
leitor deve esperar encontrar uma certa tensão na obra. Salientou ainda a
importância de se levar ao aluno textos variados, como o texto dramático, este
pouco trabalhado nas escolas. Entende que no processo de ensino-aprendizagem se
pode partir da realidade do aluno, mas não se deve cometer o erro de parar por
aí. Há que se oferecer mais. Diz Ourique que, mais importante do que o
resultado do trabalho do professor, do qual nunca se tem o controle, pois
também dependerá da resposta do aluno, há que se colocar ênfase e importância é
no processo em que se dá esse trabalho. Para encerrar, o professor lembrou não
ser função da literatura o sentido de utilidade. Ao contrário, a literatura
transita em meio a valores, e é incompressível.
Por
Maribel Felippe
Professora
de Língua Portuguesa, Inglesa e Literatura
Mestranda
em Filosofia do Direito
.
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