quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Ponto para a SMED


Professor Ourique fala sobre literatura infanto-juvenil (Foto IJSLN)

A SMED- Secretaria Municipal de Educação e Desporto -  marcou um ponto importante junto aos professores de língua portuguesa e literatura. Diferentemente de encontros anteriores, onde eram proporcionadas palestras estilo autoajuda, hoje, em seu auditório, através de um convênio com a UFPel, a SMED ofereceu, dentro de um curso de formação continuada, uma palestra com o professor João Luis Pereira Ourique, doutor em Letras pela Universidade Federal de Santa Maria, com pós-doutorado na UFRGS. Dono de um discurso calmo, mas extremamente motivador por traduzir-se  em uma fala pródiga em conceitos e exemplos tão caros ao professorado presente, Ourique explanou sobre literatura infanto-juvenil. Os contos de fadas, nos moldes de Grimm e Perrault, foram o carro-chefe do encontro vez que o professor salientou de sua importância no ensino de literatura, desde que levada em conta a forma de se trabalhar com eles, a qual deve ir muito além da exploração de seu cunho moralizante. Ourique entende que não se formam leitores qualificados só a partir de contos de fadas. Estes, por serem muito mais complexos do que parecem e por não trazerem, quando de sua criação, a ideia de infância, exigem do professor que possa ser capaz de esclarecer, relacionar e contextualizar as ideias apresentadas em seus textos. Além disso, o palestrante reforçou, muito acertadamente, a ideia de que vocação não é tudo. Que é até bom que os docentes sejam vocacionados, mas que, muito mais importante do que isso, é que sejam responsáveis por sua formação, que estejam sempre interessados em aprender, afinal quem não lê não consegue ensinar nem língua, nem literatura. No entender do palestrante, a literatura não tem de produzir consenso, mas sim estranhamento e reflexão. O leitor deve esperar encontrar uma certa tensão na obra. Salientou ainda a importância de se levar ao aluno textos variados, como o texto dramático, este pouco trabalhado nas escolas. Entende que no processo de ensino-aprendizagem se pode partir da realidade do aluno, mas não se deve cometer o erro de parar por aí. Há que se oferecer mais. Diz Ourique que, mais importante do que o resultado do trabalho do professor, do qual nunca se tem o controle, pois também dependerá da resposta do aluno, há que se colocar ênfase e importância é no processo em que se dá esse trabalho. Para encerrar, o professor lembrou não ser função da literatura o sentido de utilidade. Ao contrário, a literatura transita em meio a valores, e é incompressível.


Por Maribel Felippe

Professora de Língua Portuguesa, Inglesa e Literatura

Mestranda em Filosofia do Direito
.

Nenhum comentário: