domingo, 9 de maio de 2010

Mães e mestras



"É um choro doído, quase um lamento. A criança, ainda um bebê, mas já dentro de uma pré-escola, clama pelo conforto do colo materno. A professora, muito jovem e que ainda não é mãe, mas com um forte instinto para sê-lo, abraça a criança, acaricia seus cabelos e com um tom de voz que só as mães sabem ter, acalma-a.
Cena comum nos dias de hoje, pois cada vez mais cedo as crianças chegam à escola e, consequentemente, mais necessidade de uma transição precoce e harmônica entre o lar e a escola. Missão complexa e que exige parceria entre a família e a escola; compreensão dos pais sobre a importância do trabalho da escola e dos limites da responsabilidade desta e muito conhecimento pedagógico dos professores.
Por mais estranho que possa parecer a alguns, esta tarefa sempre será melhor executada pelas mulheres. O instinto materno haverá de prevalecer nestas relações, pois a maternidade é o primeiro e mais permanente vínculo de afetividade do ser humano, mesmo que sua vida oficialmente seja datada e registrada ao nascer, sua verdadeira idade tem que contar desde a concepção. Neste período, entre a concepção e o nascimento, sua relação é somente com a mãe. Inclusive tratados como se fossem um único ser em razão da “indissociabilidade” que caracteriza este período.
As mulheres mães e as mulheres professoras, mães e mestras, tendem a uma fusão importante e que permite uma melhor transição para este verdadeiro segundo nascimento de uma criança quando esta nasce do “útero” familiar para o “útero” da sociedade.
Não que a escola tenha que substituir a família e as responsabilidades desta sobre a educação dos filhos ou mesmo compensar, mas sim a responsabilidade de harmonizar este importante momento em que as crianças veem distanciarem-se os laços que as unem às mães e uma nova realidade, com abertura de novos horizontes e uma necessidade permanente de novos conhecimentos para enfrentarem esta nova realidade com as melhores chances de sucesso.
É imperativo que esta missão de ensinar as crianças nesta tenra idade recaia sobre as mulheres. Ninguém melhor do que elas saberá entender as dores que brilham nos olhos destes pequeninos ao se umedecerem por lágrimas sinceras ao sentirem o afastamento, mesmo que temporário, de suas mães que, neste mundo globalizado, têm que sair em busca do sustento da família, mas que em nenhum momento abdicam das tarefas inerentes à maternidade, realizando uma jornada dupla de trabalho, mas compensada pela dedicação das professoras das pré-escolas e dos primeiros anos do ensino fundamental.
Por tudo isto, que não é pouco, pois se trata de vidas em processo de formação plena, primeiros passos para o futuro, que se torna indissociável a relação entre mães e mestras. O colo e as mãos de ambas afagam as crianças em seus momentos de tristeza com carícias que somente elas sabem dar com plenitude."

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Por Neiff Satte Alan

professor

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