quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Bota o retrato do velho outra vez, bota no mesmo lugar... o sorriso do velhinho faz a gente trabalhar!

O título desta matéria era o jingle da campanha de Getúlio à eleição para a presidência

"...e saio da vida para entrar na história!"

Foi com essa frase que, em 24 de agosto de 1954, há exatos 57 anos, Getúlio Vargas se despediu da vida deixando para trás uma conturbada carreira política e deixando órfãos milhões de brasileiros humildes para quem sua morte foi uma comoção nunca superada. Um dos mais importantes políticos do século XX, governou o Brasil por quinze anos ininterruptos, de 1930 a 1945, quando foi deposto por um golpe militar exilando-se em sua terra natal, São Borja. Em seguida, pelo voto do povo, elege-se senador e, em 1951, mais uma vez embalado pelo voto popular, retorna à presidência do país. Indelével marca política de uma época, a chamada Era Vargas, é pródiga em conflitos políticos. Com a Revolução de 30, dá-se fim à República Velha, no entanto, em 1937, Getúlio fecha o Congresso Nacional e institui o Estado Novo, ditadura que dura até 1945. Na fase final, que vai de 1951 a 1954, seu governo é associado à corrupção e às negociatas através da crítica ferrenha de seus oposicionistas. Com o atentado da Rua Toneleros, que vitimou o Major Rubem Vaz, da aeronáutica, e teria ferido seu mais virulento opositor, o jornalista Carlos Lacerda, a crise política se agrava pois o presidente é acusado de ser o mandante do crime. Dizendo-se perseguido por forças ocultas, que eram na verdade o cerco da oposição com suas denúncias de corrupção e pelo chamado mar de lama que circundava o palácio do Catete, no Rio de Janeiro, então sede do governo, Getúlio não suportou a pressão e suicidou-se naquele fatídico agosto que mudaria para sempre a história do Brasil. O homem, que fora o "pai dos pobres", sendo o precursor da maioria dos direitos sociais e trabalhistas no país, aprovando leis como a CLT e dando direito ao voto, era também capaz de perseguir comunistas e de governar o país com mão de ferro, como só um caudilho oriundo das oligarquias rurais o faria. Responsável pelo que os historiadores chamaram de "a modernização conservadora", Vargas fomentou a criação da Eletrobrás e da Petrobrás e deu ênfase ao desenvolvimento do país. Quando, já desiludido da política, sentindo-se insultado pelos adversários e traído pelas parcerias que havia feito, Getúlio põe termo à vida, ele já não é o caudilho poderoso. É, ao contrário, um homem abatido e triste, sombra do que um dia fora, alguém que já não encontra lugar na cena política brasileira. Alguém que, conforme se lê em sua carta-testamento, "serenamente deu o primeiro passo à caminho da eternidade e saiu da vida para entrar na história..
Clique AQUI e ouça o famoso jingle "Bota o retrato do velho..."

Por Maribel Felippe

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