sexta-feira, 4 de março de 2011

Morno e sem surpresas: já não se fazem mais Oscars como antigamente!

Sacheen Littlefeather, em 1973, recusa o Oscar em nome de Marlon Brando

Robert Opel aparece nu - pela paz no Vietnan - durante o Oscar de 1974

Tudo muito previsível, um desfilar sem fim de celebridades no tapete vermelho, modelitos e joias aos borbotões. Mudou o Oscar(*) ou mudamos nós? O fato é que, a cada ano que passa, a cerimônia de premiação dos melhores do cinema fica mais chata, mais pasteurizada. Houve tempo em que protestos e atitudes de vanguarda eram esperados na cerimônia. Marlon Brando, vencendo na categoria “Melhor Ator” por sua atuação em O Poderoso Chefão, mandou em seu lugar a índia Sacheen Little Feather recusar publicamente o prêmio, enfurecendo, assim, a plateia e o público televisivo com um discurso contra a opressão sofrida pelo índio norte-americano. Em uma outra passagem curiosa, em 1974, enquanto David Niven chamava ao palco a atriz Elizabeth Taylor, Robert Opel atravessava o mesmo sem roupa, em protesto, com o intuito de promover a paz no Vietnã. Anos setenta. Eram tempos diferentes e tudo que as pessoas queriam era fugir aos padrões. Os discursos eram prolixos, tocantes, debochados. Agradecia-se às mães, aos cachorros e aos papagaios. Hoje já não é politicamente correto dizer-se and the winner is..., porque já não vale falar-se em vencedores ou vencidos. Ao contrário, the Oscar goes to..., só diz quem leva o Oscar para casa, sem ofender ninguém. Exagero? Não! Vivemos na era do politicamente correto. Isso veio para ficar e não há muito o que possamos fazer. Dá saudade até do visual trash da Cher e da roupa branca de galinha com que a cantora Bjork se apresentou nos anos noventa. Pelo menos dava o que falar! Agora, em época de discursos escassos e piadas bobas, a única parte realmente emocionante da festa, em que de fato somos tocados pela admiração e pela saudade, é aquela em que aparecem nossos queridos astros mortos durante o ano. É o momento daqueles que se foram. Daqueles que viveram uma época de glória e graça do Oscar, um tempo que não volta mais. Ainda bem que o problema é só da festa. A arte do cinema, os filmes, esses sempre podem nos surpreender!
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Maribel Felippe
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